17 de dezembro de 2011

NINGUÉM ME VÊ

Quando ninguém me vê
sou bem mais d’eu mesmo
fica menor a vergonha
fica menos o juízo
cresce de tamanho a liberdade
invado, sem cerimônia, meus limites.

Quando ninguém me vê
fica mais alto o rock n’roll
vira guitarra a vassoura
fica mais limpo o chão
o batuque nas panelas
faz mais saborosa a refeição.

Quando ninguém me vê
sou asqueroso
vai o dedo ao nariz
deposito o produto
onde ninguém vê
ainda bem que ninguém me vê.

Quando ninguém me vê
fico invisível qual átomo
indivisível parte do universo
ficam maiores tempo e espaço
viajo anos-luz pra dentro de mim
da casa viro comandante Kirk.

Quando ninguém me vê
vira agito o tédio
vira muvuca a solidão
viro multi-homem
faço tudo ao mesmo tempo
depois invento um nada pra fazer.

Ninguém me vê, ainda bem
não quero testemunhas
do horrendo crime
de tentar transformar
todo o desatino em felicidade
quando ninguém me vê.

3 comentários:

  1. Sensacional! É um anti-voierismo ... Tá certo que grande do jeito que você é, vai ser meio difícil de se esconder. Abraços!

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